AUTISTAS SOFREM COM BARULHOS DE FOGOS DE ARTIFÍCIO

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Ana Paula e o filho, Luís Filipe

Luís Filipe é portador de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele tem 12 anos e mora em Caxambu. A mãe do menino, Ana Paula Guimarães Paulino, disse que a família nunca passou um Réveillon na cidade, buscando sempre a zona rural, porque Luís Filipe sofre muito com o barulho dos fogos de artifício. “Meu filho fica nervoso, agitado, totalmente desorganizado e chora muito”, conta.

Segundo a psicóloga Ana Elisabete Silva Rodolfo, estudos mostram que entre 56% e 80% de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) possuem hipersensibilidade. “Essa alteração do processamento sensorial auditivo influencia na percepção dos estímulos. O barulho dos fogos de artifício é visto como muito alto para essas crianças, causando instabilidade comportamental”, disse.

Barulho em excesso que causa problemas também para os animais. De acordo com a vice-presidente da Associação Protetora dos Animais de Caxambu (Apac), Neide Maciel Siqueira, o barulho dos fogos de artifício torna-se muito maior para os animais, causando traumas e medos. “Geralmente quando acontecem jogos de futebol e eventos em que soltam fogos de artifício com efeito sonoro muitos cachorros fogem e são atropelados. Isso porque eles entram em pânico e escapam pelos locais mais inusitados”, disse.

Neide Maciel Siqueira, da Apac

Para amenizar o sofrimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e dos animais que têm uma audição mais apurada, algumas cidades adotaram a queima de fogos silenciosos. Nesse contexto, a Câmara Municipal de Caxambu aprovou, no último dia 15 de maio, Projeto de Lei n° 28/2023, que dispõe sobre a proibição da fabricação, comercialização, manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de artifício de efeito sonoro no município. Projeto apresentado pela Comissão de Acessibilidade e Inclusão, composta pelos vereadores Júlio Carlos de Souza Nogueira (Júlio da Corneta), Vinicius Hemetério e Fábio Curi Hauegen.