Câmara felicita 50 anos do Museu

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 Ofício Nº 8/20, datado de 21 de setembro, encaminhado ao Executivo

           Ao chefe do Executivo,

Venho, pelo presente, dar os parabéns ao Executivo Municipal, bem como à Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, Diretoria e colaboradores do Museu Histórico e Genealógico de Caxambu, pelo aniversário de 50 anos da existência de um patrimônio inalienável de nossa cultura.

Criado através da Lei no 474, de 26 de setembro de 1970, na administração do Dr. Ferraz Caldas, o Museu de Caxambu, como foi denominado no corpo da lei, nasceu com a formação de um acervo doado por parte da Sra. Odette Coppos, uma artista natural da cidade de Itapira, São Paulo, que cuidou durante anos desse patrimônio municipal. Também naquele momento foi decisiva a participação da jornalista Lourdes Maria Vilas-Boas, que já frequentava a nossa cidade e era muito amiga do Dr. Ferraz Caldas.

O prédio foi adaptado para a ação museológica, uma vez que até o ano de 1963 serviu como caixa d’água para a cidade de Caxambu.

A primeira coleção do Museu de Caxambu deveu-se à doação de objetos, peças, fotografias, quadros, por parte da própria Sra. Odette Coppos, que foi qualificada na ocasião para o exercício da direção do Museu.

A partir de 1995, ou um pouco mais, o Museu foi fechado, dado o desinteresse das autoridades para levar adiante as ações de um importante veículo de cultura não só de Caxambu, como de toda a região do entorno das águas minerais. Com o abandono, o museu, além de ter perdido suas peças, também passou por uma séria depredação de suas instalações físicas.

Levou-se muito tempo para que se fizessem obras de recuperação do prédio, que, efetivamente, foram levadas a efeito no ano de 2010, quando se lançou mão de recursos advindos do Governo do Estado, num total de R$ 80.000,00, que foram acrescidos de uma pequena contrapartida da Prefeitura Municipal. Incentivando a reestruturação do Museu de Caxambu, o governo municipal editou a Lei nº 1.986, de 7 de outubro de 2010, criando o Conselho Municipal de Administração e Manutenção, com caráter normativo, consultivo  e deliberativo que objetiva recolher, restaurar, recuperar, preservar, administrar e manter o acervo cultural do município, peças, livros, produções locais, objetos de caráter histórico e artístico, produzidos ao longo dos anos, com a finalidade de conservar e expor este acervo à visitação pública.

A preocupação com o passado, inerente a todas as sociedades, quer ágrafas ou não, também aqui em Caxambu é levada a efeito pelas ações que foram, a partir de 2011, retomadas, quando do retorno das atividades daquela casa de cultura.

Durante décadas o museu era tido apenas como um repositório das ações pretéritas de um povo, contando histórias pontuais e servindo de apoio à memória deste ou daquele evento. Museu era sinônimo de passado, um local onde se cultuavam heróis e fatos que serviam a esta ou aquela tendência sociopolítica; em alguns, timidamente, mostravam-se os avanços tecnológicos da humanidade, porém tudo exposto e contado de uma maneira muito estanque. Isso era ruim? Serviu para desacreditar a instituição como guardiã da memória de uma sociedade? Evidentemente que não, pois naquele contexto temporal, mesmo que a informação fosse direcionada desta ou daquela forma, ainda assim era uma informação. O uso que dela se faria ficaria por conta do usuário, quer fosse uma instituição escolar quer fosse um indivíduo isoladamente.

A partir da década de 1970 acontece uma grande revolução no modo de pensar “museu”: as diversas intervenções de especialistas no tema, em congressos próprios como o de Santiago, o de Quebec, o de Caracas e tantos outros, modificaram a rota que se pensava apenas de mão única, ou seja, o museu com padrões definidos de comportamento ditando à sociedade aquilo que lhe interessava mostrar; com essas intervenções alterou-se o curso até então previsto e novas funções foram destinadas aos museus, mormente aquelas planejadas para servir à comunidade como um difusor de conhecimento que a própria comunidade produziu ao longo do tempo.

Assim, o museu não é um agente de transformação único, mas um canal que subsidiará informações significativas para o aproveitamento da educação formal e, por via de consequência, da própria educação informal, através das ações que desenvolva na sua comunidade com o fim último de resgatar valores culturais materiais e imateriais que essa comunidade produziu e produz.

Dialogar com a sociedade – e aqui enfatizamos uma maior participação do universo escolar -, é um dever que hoje se sobrepõe aos princípios primeiros da atividade museológica. Antes mesmo de se apresentar como um guardião das tradições de uma dada sociedade, o museu deverá estabelecer mecanismos suficientes de apropriação daquilo que a sua comunidade pensa e quer.

A partir desse viés e procurando racionalizar recursos e incentivo à memória dos fatos, acontecimentos e à produção dos caxambuenses, nosso Museu atua em consonância com as demais instituições culturais da cidade, do estado e do país, procurando inserir as suas ações na agenda das políticas culturais públicas e privadas, propiciando, através de ações educativas, o acesso da sociedade à cultura proposta pelo Museu.

Finalizando, no ano de 2017, por iniciativa desta Casa Legislativa, tivemos a oportunidade de restaurar a sua designação original do nosso Museu – Museu Histórico e Genealógico de Caxambu – como fora proposta apresentada em 1970 pelo então Prefeito Municipal Ferraz Caldas. Da mesma forma também solicitamos naquele ano, por meio da Indicação nº 236/17, a destinação de recursos ao Museu Municipal através da LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias) e por consequência na Lei Orçamentária Anual de 2018, para assegurar as ações desta entidade no presente e no porvir.

Por fim, não podemos deixar de registrar o nosso contentamento em vivenciar o cinquentenário de existência dessa peça tão fundamental do patrimônio caxambuense, agradecendo a todos que de alguma forma contribuem para sua manutenção e sua divulgação entre os filhos desta terra, turistas e todos aqueles que admiram a história caxambuense.

Atenciosamente,

Câmara Municipal de Caxambu